quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Predadora

Ela olha para o relógio e vê que está na hora de começar a se arrumar.
Ela se despe e entra na banheira, a água morna toma conta do seu corpo, enquanto na sala o rádio toca suas músicas preferidas. Um banho demorado faz acordar a fera que existe dentro dela. 
Passa um óleo no corpo todo, sua pele fica aveludada e com um brilho sem igual. 
Abre o armário e escolhe a roupa que combina com seu espírito. Hoje vai usar um vestidinho preto, curtíssimo, novo em folha, só para essa ocasião. Saltos.... experimenta vários e o mais alto é o que mais a agrada.
O cabelo é um espetáculo a parte,horas no salão para deixa-los escorridos e acetinados. Hoje é dia de arrazar.
Agora já pronta, pega a chave do carro e nem se olha no espelho. Sabe que está muito além de qualquer um que achar que a mereça.
Ela entra na boate e atrai todos os olhares. Vai direto para o bar e pede uma taça de Martini, acende um cigarro e olha o ambiente. Realmente nada ali a atrai. A música faz um convite e ela aceita, vai para a pista, seu balanço,  seus olhares, tudo pára a sua volta só para admira-la. Poucos corajosos e infelizes enfrentam o medo e interrompem sua dança para cortejar-lhe. Como disse: Infelizes. Ela não os escolheu. É uma predadora, não se deixa no papel de caça. Seu corpo todo suado hipinotiza cada vez mais alguns desavisados. 
Volta para o bar e com seu olhar de águia escolhe sua presa. Ela está com amigos, riso solto e muito interessante. Nossa predadora toma coragem e parte para o ataque. Para em frente, olha nos olhos e sorri. É o primeiro sorriso que ela dá nessa noite. A caça retribui. Sem falar nada ela segura-a pela nuca e a beija com volúpia. A presa não resiste e se entrega. Beijos e mais beijos. Mão e mais mãos... 
O convite para ficarem a sós não demora a chegar. A presa aceita. Sua casa ou na minha? Essa é a questão.
Predadora sabe que não se leva ninguém sua casa, então aceita o convite de conhecer a casa da sua mais nova conquista. Mal abrem a porta e as roupas caem pelo chão, parede, cama, chão, chuveiro, bocas, sexo, gozo, gemidos....
Acabou... A conquista já não tem mais tanta graça, adormeceu abraçada a um travesseiro, foi apenas sexo e nada mais. Ela fuma um cigarro enquanto veste suas roupas, pega a chave do carro, bate a porta e sai. Sem bilhete, sem despedidas, ela não é de ninguém, ela só permitiu que penetrasse seu corpo, mas não sua alma.
Chega em casa abre uma garrafa de vinho suave, tão suave quanto a brisa que bate em seu rosto. Agora sim ela olha no espelho, seu batom vermelho borrado faz com que solte um sorriso indicando que a loucura realizada foi aprovada.  Brinda a sua imagem refletida no espelho, essa mulher em chamas, esse furacão... Ela  se despede dela também, só mais alguns minutos e o dia vai clarear e ela vai voltar a ser uma abóbora.

Um comentário:

  1. Muito FODA!
    Palhaçada, simplesmente eu não gostei, amei.
    Ah garota irritante, escreve bem demais.

    Parabéns.

    Beijocas *

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